Existem diversas armadilhas nas burlas cibernéticas, devemos estar atentos para evitar eventuais problemas
Data: 2024-09-15
Com a chegada do mês de Setembro iniciou-se um novo ano lectivo e foi plenamente retomada a actividade online dos jovens e a presença nas redes sociais. Ao mesmo tempo, muitos eventos e actividades continuam a realizar-se no 4.o trimestre de cada ano, já que esta é ainda uma época tradicional de viagens e de compras, e o público utiliza, cada vez mais, a internet para fazer compras e para adquirir bilhetes. Segundo os dados recolhidos, o 4.o trimestre é o período com a mais alta ocorrência1 de burlas cibernéticas, pelo que a Polícia analisou os casos recentes de burlas cibernéticas que ocorreram mais frequentemente e os respectivos modi operandi, para ajudar o público a manter-se atento e a melhorar a prevenção.

I. Mensagens e websites de phishing

        Os burlões mandam, de forma aleatória, mensagens com links para atrair o público a entrar em websites de phishing, de modo a furtar os dados dos cartões de créditos, as contas das plataformas sociais ou de aplicações de comunicação. Também compram espaços publicitários para que os websites de phishing possam ser colocados no topo dos resultados de pesquisas nos motores de busca, levando o público ao engano e a entrar nestes websites falsos e a aceder à sua conta, e desta forma os dados da conta são furtados.

        Estes modi operandi são complexos e diversificados, e basta uma pequena distracção para se cair de imediato numa armadilha. Os websites de phishing são extremamente bem concebidos e são muito semelhantes aos verdadeiros, e por outro lado, os burlões utilizam técnicas para alterar o nome de quem envia as mensagens, de modo a que o sistema dos telemóveis as guarde na caixa de entrada das mensagens das instituições verdadeiras, o que faz com que as pessoas acreditem na sua veracidade. Nos primeiros 8 meses do corrente ano, a Polícia Judiciária (PJ) instaurou 372 processos relativos a casos de uso ilícito de cartões de crédito, um aumento de 72% em termos anuais, e nesse mesmo período registaram-se 25 casos de burla informática associados a furtos de contas de plataformas de pagamento.

        A Polícia apela às pessoas para que estejam atentas quando recebem mensagens com links, alertando que não devem clicar nesses links e que devem verificar a veracidade através de outros contactos oficiais, podendo ainda utilizar o miniprograma de antiburla da PJ para avaliar o risco. Se receberem uma mensagem privada de um amigo, através de uma plataforma social, a pedir dinheiro emprestado, devem entrar em contacto com a pessoa, para a verificar, através de outros canais. Se a mensagem usar termos com tom de urgência, tais como “prazo”, “bloqueio” e “invalidez”, e pedir a introdução de dados da conta ou do cartão de crédito, trata-se muito provavelmente de uma armadilha.

II. Burla de compras online de bilhetes

        As compras online tornaram-se cada vez mais populares nos últimos anos e os burlões criam páginas falsas nas plataformas sociais e compram anúncios, entre outras práticas, para aumentar a sua exposição, enganando as pessoas com venda de produtos baratos, raros ou que estejam na moda, e muitos utilizadores da internet caíram nessas armadilhas. Nos primeiros oito meses deste ano, a PJ instaurou 201 processos relativos a burlas de compras online, o que representa um aumento de 19% em termos anuais, e quase 70% dos casos envolviam compras online de bilhetes.

        Muitas das vítimas desse tipo de burla são jovens que estão ansiosos para seguir as celebridades. Para poderem assistir a um espectáculo do seu ídolo, compraram bilhetes através de canais não oficiais, por preços altos, e alguns arriscaram a compra de tais bilhetes mesmo sabendo o grande risco que corriam, e acabaram por ser burlados. Como esses casos são prolongados no tempo, há uma certa dificuldade na suspensão dos pagamentos. Ultimamente, as autoridades policiais das regiões vizinhas resolveram diversos casos decorrentes desse tipo de burla, tais como a falsificação de bilhetes, a subtracção de dados dos cartões de crédito utilizados na compra online de bilhetes, e até há quem tenha sido enganado repetidamente com falsas “falhas de transacção”. Destaca-se assim a existência de um enorme risco de segurança na compra de bilhetes através de plataformas não oficiais.

        A Polícia alerta seriamente o público, em especial os jovens, para esse risco, aconselhando-o a evitar comprar bilhetes em plataformas não oficiais ou em canais não autorizados, a não confiar facilmente nos “canais internos”, “especulação de venda de bilhetes” e a recusar o método de entrega “pagamento primeiro, levantamento depois”. Se for repetidamente solicitado o pagamento, ou o pagamento de um sinal ou de uma garantia, é muito provável que se trate de uma burla.

III. O esquema de “emprego a tempo parcial para aumentar o registo das encomendas”

        Os burlões publicam nas plataformas sociais anúncios falsos de recrutamento, e as vítimas, depois de serem “admitidas”, seguem as instruções e acedem à página indicada para fazer o “registo das encomendas”, o clique no “like” e outras tarefas, e é-lhes pedido que façam primeiro o pagamento das compras com seu próprio dinheiro, afirmando que este lhes será devolvido juntamente com a comissão. Depois de terem aumentado o valor das compras, as vítimas não conseguem obter o dinheiro de volta. Além disso, os burlões ainda enviam links de phishing às vítimas, pedindo-lhes para aceder à sua conta na plataforma de pagamento, com o pretexto de lhes pagar o salário, de modo a acederem às suas contas e furtar-lhes o dinheiro. Nos primeiros 8 meses deste ano registaram-se 93 casos de burla ligadas ao registo de encomendas, um aumento de 48% em termos anuais. A Polícia recomenda às pessoas para sejam cautelosas quando se candidatam a empregos online. Se for solicitado um adiantamento, informações pessoais ou qualquer informação sobre a conta pessoal, trata-se de uma burla.

        Para além destes 3 tipos de burlas cibernéticas que ocorrem frequentemente, existem outras situações, como mensagens de amigos fictícios, solicitação para entrar em grupos de investimento, celebridades a dar conselhos sobre as tendências do mercado de acções, pedidos de amizade de desconhecidos do sexo oposto, internautas que propõem enjo kosai e nude chat, situações estas que também são frequentes na internet. Os crimes cibernéticos decorrentes dessas burlas ainda são muito comuns. Para além disso, diversas burlas telefónicas, especialmente aquelas onde alguém finge ser um oficial de autoridades governamentais, ainda acontecem com frequência, por isso devemos estar atentos e manter-nos alerta.

        A PJ tem aplicado proactivamente as três estratégias, de prevenção, recuperação e combate, para além de continuar a melhorar as medidas existentes, e nos últimos meses concretizou várias medidas de combate às burlas, como por exemplo a implementação plena do “Programa de vacina antiburla no campus”, em que várias instituições do ensino superior programaram a inclusão de conteúdos antiburla nos programas de ensino, e o primeiro grupo dos “Embaixadores antifraude” formados já começou a colaborar com o trabalho de combate à burla. Até finais de Agosto o miniprograma antiburla da PJ registou mais de 36 mil utilizações, o que ajudou o público a distinguir os casos de burla. Em finais de Agosto a PJ e o sector financeiro realizaram um “Encontro de intercâmbio sobre trabalho antiburla” para melhorar as medidas de cessação de pagamento online e presenciais, entre outros.

        A prevenção é a base do combate às burlas. Para alcançar os resultados pretendidos tem de haver a participação e a cooperação do público. Na actual grave situação dos crimes de burla, o público deve estar atento às informações que são divulgadas e deve melhorar a prevenção. Em caso de dúvida, deve utilizar o miniprograma antiburla para verificar a veracidade da situação que enfrenta e se for uma burla, pode ligar para a linha aberta específica 8800 7777 da PJ para informações, assumindo assim as suas responsabilidades e protegendo os seus bens.
 
Entre 2020 e 2023, com excepção de 2022, o número dos casos de burlas cibernéticas instaurados no 4.o trimestre foi mais alto do que nos restantes trimestres.
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