Nos últimos anos a burla com recurso às telecomunicações e a burla cibernética tornaram-se cada vez mais generalizadas, pondo seriamente em perigo a segurança dos bens do público. Embora as autoridades da segurança tenham feito o seu melhor na prevenção e controlo de crimes relevantes e tenham feito imenso trabalho de sensibilização através de vários canais e de várias formas, parte dos cidadãos ainda cai em burlas, por ganância ou negligência, e algumas deles até porque estão confiantes demais e rejeitam todos os tipos de sensibilização antiburla, apenas se arrependendo quando são realmente burlados. A prevenção da burla com recurso às telecomunicações e da burla cibernética exige a participação de toda a sociedade. É muito importante que os cidadãos melhorem continuamente a sua sensibilização para a prevenção do crime. Só prestando sempre atenção às diversas mensagens antiburla e mantendo um elevado grau de alerta, poderemos proteger os direitos, interesses e bens pessoais dos cidadãos.
I. A tendência global dos crimes de burla com recurso às telecomunicações e de burla cibernética em Macau
Em 2019, o número médio de crimes de burla com recurso às telecomunicações e de burla cibernética em Macau, por trimestre, foi cerca de 110. Durante a epidemia, à medida que o público dependia cada vez mais da Internet na vida quotidiana e era difícil para os criminosos cometerem crimes de contacto, o número de burlas com recurso às telecomunicações e de burlas cibernéticas começou a crescer exponencialmente. Posteriormente, com a continuação do reforço na prevenção e no combate policial, especialmente com a cooperação com as regiões vizinhas na realização das operações “Soaring Star” e “Polardawn”, o número de casos de burla diminuiu gradualmente. No entanto, no início de 2023, à medida que várias actividades económicas foram gradualmente retomadas após a epidemia, a burla com recurso às telecomunicações e a burla cibernética voltaram a aumentar. Entre elas, o aumento de casos de burla envolvendo vendas de bilhetes online foi o mais significativo, com um total de 218 casos registados em 2023, quando o número de casos foi de 8 e de 25 em 2022 e 2019, respectivamente. O número de burlas telefónicas em que alguém finge ser oficial de uma autoridade governamental também aumentou significativamente, atingindo 290 casos. Assim, a Polícia ajustou as suas estratégias de resposta de forma direccionada e continua a reforçar e a optimizar o trabalho de prevenção, combate e recuperação. No primeiro trimestre deste ano registaram-se 288 casos de burla com recurso às telecomunicações e de burla cibernética (96 casos de “Burla telefónica” e 192 casos de “Burla informática ou Burla através da internet”), um valor reduzido em comparação com o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, menos 76 casos e 146 casos, respectivamente, mas a Polícia não abrandará a sua actuação e continuará a prestar elevada atenção às novas tendências dos crimes relevantes e o público deve também manter-se alerta.
II. Principais técnicas e características da burla com recurso às telecomunicações e da burla cibernética em Macau
Através da análise dos casos relevantes, as autoridades da segurança apresentam aqui mais informações concisas sobre os principais tipos de crimes de burla com recurso às telecomunicações e de burla cibernética em Macau, e sobre as características das suas técnicas.
1. Burla telefónica
Nestes casos, os burlões aproveitam principalmente o medo da vítima e fingem ser funcionários de uma entidade de segurança pública ou de justiça do Interior da China para alegar, falsamente, que a vítima está envolvida em crimes como lavagem de dinheiro. As vítimas precisam de transferir dinheiro para uma “conta de segurança” ou fornecer números de contas bancárias e senhas, entre outras informações, com vista a cooperar com a investigação. Para elevar a aparente autenticidade, os burlões usam meios técnicos para disfarçar números de chamadas, criam websites falsos e mandados de procura, entre outros, e até encenam um falso ambiente de escritório para mostrarem à vítima através de chamadas de vídeo.
2. Burla cibernética
Nestes casos, os burlões aproveitam principalmente a ganância, a negligência ou a presunção de sorte por parte da vítima para cometerem crimes. Entre estes crimes, nas armadilhas de investimento online, os burlões colocam um grande número de anúncios em plataformas sociais e fingem ser celebridades ou especialistas financeiros para atrair o público a aderir a grupos de comunicação, onde compartilham “experiências e estratégias de investimento” e orientam as vítimas a participarem em falsos investimentos.
Quanto aos casos de burlas de venda de bilhetes através da internet, mais ocorridos nos últimos anos, os burlões afirmam, falsamente, que estão a vendar bilhetes de um certo concerto para o qual é “dificílimo comprar bilhetes”, e pedem às vítimas para efectuar o “pagamento prévio”, e mesmo sabendo que podem ser burladas muitas das vítimas continuam a escolher este meio de compra de bilhetes.
Por último, existem os casos de burlas de uso ilícito de cartões de crédito, em que os burlões simulam a emissão, por lojas ou entidades, de mensagens com pretextos de autenticação de dados, ofertas de prendas ou troca dos pontos de sócios, para induzirem as vítimas a entrarem em sites de phishing altamente sofisticados, aproveitando assim para furtar os dados das suas contas ou dos seus cartões de créditos.3. As vítimas são usadas no apoio à prática de crimes
Nos casos acima referidos sobre a burla com recurso às telecomunicações e a burla cibernética, uma parte das vítimas, depois de serem burladas, são usadas pelos criminosos como instrumentos na prática de crimes, por exemplo nos casos de “finge ser oficial de uma autoridade governamental”, há vítimas que são induzidas pelos burlões a executar “missão especiais” para “livrar do crime”, ou seja, apoiar os criminosos na distribuição de “mandados de captura” falsificados a outras vítimas potenciais, ou, nos outros casos de burlas, há vítimas que são induzidas pelos burlões a utilizar a sua própria conta bancária para receber e transferir o dinheiro obtido com a burla para o exterior.
III. O trabalho de prevenção
As burlas evoluem ininterruptamente, e os cidadãos devem melhorar a consciencialização de prevenção dos crimes de burla, e porque a prevenção é algo importantíssimo no trabalho antiburla, a Polícia já realizou, desde o ano passado até ao primeiro trimestre do corrente ano, mais de 900 palestras e actividades temáticas antiburla, com 180 mil participações, tendo sido divulgados mais de 1.500 posts e vídeos nas plataformas sociais, cujo conteúdo abrange os novos e frequentes modi operandi de burlas ocorridos recentemente. Além disso, atendendo à elevada incidência, nos últimos anos, de estudantes do ensino superior que são vítimas de esquemas fraudulentos, para melhorar a sua consciencialização, a Polícia realizou, no Edifício dos Serviços de Migração, 260 palestras temáticas antiburla destinadas aos estudantes que iam requerer a autorização de permanência, tendo sido contactados cerca de 12.000 estudantes durante estas sessões. Na segunda metade do mês de Maio, a Polícia Judiciária (PJ) cooperou com a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e as instituições do ensino superior na activação do “Programa de vacina antiburla no campus”, na implementação da integração dos conteúdos antiburla nos cursos, no desenvolvimento da avaliação de risco, no estabelecimento do “Investigador criminal contra fraude no campus” e dos “Embaixadores antifraude”, entre outras 10 acções antiburla importantes.
Além disso, tendo como referência as experiências bem-sucedidas das regiões vizinhas e em articulação com a legislação e a situação concreta de Macau, a PJ lançou oficialmente, em 9 de Abril do corrente ano, um miniprograma antiburla no WeChat, ao qual o público pode ter acesso através da conta oficial da PJ no WeChat, sem ter que introduzir dados pessoais para utilizar as diversas funções. Até 31 de Maio, as várias funcionalidades do miniprograma foram utilizadas mais de 22.700 vezes, e entre estas, na função “Pesquisador de burla” do miniprograma, o público realizou 6.544 pesquisas de avaliação dos riscos de burla e apresentou pistas de burlas 351 vezes.
Em simultâneo, as autoridades da segurança aconselham mais uma vez ao público o seguinte:
- Deve tomar mais atenção às informações sobre a burla com recurso às telecomunicações e a burla cibernética e às informações policiais divulgadas pela Polícia;
- Deve compartilhar sempre que possível as informações antiburla com a sua família e amigos, alertando-se reciprocamente;
- Em caso de dúvida, podem ser utilizadas as diferentes funções do miniprograma antiburla disponibilizado pela PJ na plataforma do WeChat, para identificar a situação;
- Caso necessário, pode ligar para a linha aberta antiburla 88007777 da PJ para consulta ou apoio.
Apesar da variedade dos modi operandi da burla com recurso a telecomunicações e da burla cibernética, no fundo o que os burlões pretendem é induzir as vítimas a efectuar transferências ou furtar-lhes os dados pessoais, pelo que ao público basta manter-se suficientemente atento para poder evitar, com eficácia, a ocorrência destes tipos de crimes. Além disso, ao tratarem de assuntos que envolvam uma grande quantia de dinheiro, os cidadãos devem manter-se calmos. Caso lamentavelmente reconheçam que eles próprios ou alguém foi burlado, devem contactar de imediato a Polícia, para que esta possa iniciar os procedimentos de investigação e de recuperação de perdas.